sexta-feira, 29 de junho de 2007

O mais difícil

Por que será que enquanto alguns não conseguem demonstrar fórmulas, outros não conseguem demonstrar carinho?

quinta-feira, 28 de junho de 2007

O poeta que passou em cálculo

Que os cálculos sejam apenas renais
Porque integral eu não aguento mais

As pernas

Quatro pernas cada cadeira
Mais quatro da mesa
atrapalhando a vassoura

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Fernando, o gay

Em um bar mostrando as fotos da última viagem.
_ Este aqui é o Renato, ele é médico lá no Felício Roxo. Tá vendo?
_ E este aqui é o Fernando, amigaço, ele é gay.
_ Mas ele faz o que?
_ Como assim?

segunda-feira, 25 de junho de 2007

O fogo é vivo

[...] e somente nossa necessidade de classificar como vivo apenas objetos compostos por RNA é que faz o fogo não ser considerado um ser vivo. [...] ele [fogo] surge (por puro acaso ou por vontade de outro ser), replica-se o quanto pode, atinge seu ápice, até que acaba todo seu alimento e se extingue. Muito parecido com qualquer sociedade, especialmente a humana [...] talvez a natureza efêmera do fogo seja o que nos impeça de vê-lo como uma sociedade viva, ele pode ser grande, imponente e poderoso, mas está sempre fadado à extinção, uma vez que os recursos em que ele baseia a sua existência não existirão para sempre. O fogo é o exemplo perfeito do passado e futuro da humanidade, não é triste, ruim ou imperfeito, é apenas real [...]

Pus, luz

Jesus me amava
E daí? Ele morreu na cruz
Jesus, cruz, pus, luz

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Ciência e arte

Para trabalhar a gente faz ciência
Para descontrair a gente faz arte

É uma pena que minhas músicas não rimem
Que meus poemas sejam ruins
E que minhas demonstrações matemáticas
na verdade não provem nada
Mas assim que é bom
assim que é arte

Para trabalhar a gente faz ciência
Para descontrair a gente faz arte

No nosso trabalho tudo que importa é o resultado
não importa se o raciocinio é certo
não importa se está tudo errado
Tudo que importa é que no final sejamos recompensados
como um cachorro
um cachorro adestrado

Para trabalhar a gente faz ciência
Para descontrair a gente faz arte

Para diversão tentamos descobrir
o motivo de tudo
a razão do mundo
entrar em contato com os sentimentos
emoções
entendimento, conhecimento, entreterimento
Qualquer coisa que nos ajude na difícil tarefa
de viver

Para trabalhar a gente faz ciência
Para descontrair a gente faz arte

O trabalho é fingir entender o mundo
fingir que sabemos a razão
para podermos usar tudo
que coloquemos a mão

A desculpa é a ciência
e o resultado
é um planeta alterado
um planeta usado
que nos recompense
como um cão treinado
não importa o futuro, não importa o passado

Dois mais dois são dois

dois mais dois são dois
porque são duas vezes dois
É dois demais para não ser dois.
E quatro são quatro mais quatro

mais quatro mais quatro.
Quatro vezes quatro vezes quatro vezes quatro,
quatro a quarta a quarta a quarta:
que é quarto.
Raiz quarta de um quarto?
Rápido!

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Nossos costumes

_ Oi.
_ Tudo bem?
_ Tudo... Mais ou menos, como sempre.
_ Seu ziper está aberto.
_ É, eu sei.
_ Não vai fechar?
_ Não.
_ Não estou zoando, cara! Seu ziper está aberto!
_ Eu sei, você não tá zoando...
_ Não tô mesmo, olha aí!
_ Eu sei que você não tá zoando, eu estou andando com meu ziper aberto a manhã inteira.
_ Porra! Eu tô falando sério! Seu ziper está aberto!
_ Você já disse isso.
_ Porra, se quiser eu não te aviso mais então. Está ridiculo você com esse seu ziper aberto!
_ É, eu sou ridículo.
_ Para com essas irônias, porra!
_ Olha, a Carla está chegando. Ei Carla, olha só o Diego, ele tá com ziper aberto, não está?
_ Oi Matheus. Tá aberto sim.
_ Tá vendo cara? Você tá com o ziper aberto, a Carla confirmou, eu não tô te zoando. Fecha isso aí.
_ Eu já sabia disso.
_ Então por que você não quer fechar?
_ Porque não quero, oras. Qual o problema?
_ O problema é que fica rídiculo aí com esse negócio aberto, qualquer um pode ver sua cueca.
_ Meninos, parem com essa discussão boba, onde já se viu discutir por causa disso?
_ Você acha bonito ficar vendo essa cueca branca? Pede para ele fechar, Carla. Talvez você ele escute.
_ Eu não vou me meter nessa briga de vocês.
_ Cara, é uma convenção social, você está de ziper aberto, alguém repara, você fica sem graça por alguns instântes e depois fecha.
_ É, eu não gosto dessa convenção.
(1) O professor chega. Todos alunos entram em sala.
_ Boa tarde. Está aqui é a Orsolya Szabó, ela é da Hungria e chegou ontem para fazer intercâmbio. Estou a hospedando por seis meses, ela vai fazer algumas aulas aqui e eu a trouxe hoje para assistir está aula. Ela fala um pouco de português, vocês podem conversar depois da aula.
A menina se sentou logo em frente do jovem que discutia com Diego.
_ Psiu. Orosolia.
_ Orsolya.
_ Seu ziper está aberto.
_ Como se atreve?!
E deu um belo tapa no rosto do jovem.

O que vocês acharam desse final? Bom, eu apresento o final alternativo, troquem tudo a partir de (1) para o que eu apresento abaixo, para um final diferente. Depois comentem o que preferem e, se souberem, porquê.

O professor chega. Todos alunos entram em sala.
_ Boa tarde. Vocês têm 120 minutos para fazer a prova. Podem usar régua, calculadora e compasso.

Matheus está lutando para deixar seu compasso, regua e calculadora em cima da mesa. A mesa é muito pequena para tanto material e ficar colocando e tirando do chão toda hora começa a ficar desconfortável. Matheus olha para o lado e Diego está usando seu ziper aberto para prender a calculadora e a régua. Ele faz a prova com uma face serena, sem o menor problema em manejar o material.

Matheus continua brigando com sua regua e compasso, até que espeta um dos dedos e perde a paciência. Resolve imitar Diego. Abre o ziper e coloca a calculadora e a régua dentro. Como ele estava sangrando após ter se espetado com o compasso, ele resolveu cortar um pedaço de papel do caderno que estava na mochila e colocar no dedo.

Depois de fazer mais algumas questões, Matheus precisa usar a calculadora, tira ela de dentro do ziper e sua régua cai para dentro de suas calças. Ele então enfia a mão dentro do ziper para tentar alcançar a régua. O professor aparece e diz:
_ O que você está fazendo?
_ Nada, estou só tentando pegar minha régua que caiu aqui.
_ Sei, você estava colando, não estava?
_ Não, não! Juro!
_ Deixa eu ver sua mão.

Ele tira a mão das calças e a régua cai no chão, assim atraindo toda a atenção da turma que olhava sem entender ele tirando a mão de dentro do ziper. Ao tirar a mão, grudado em seu dedo tem uma folha de caderno. O professor olha a folha, olha para Matheus e tira a prova dele.

_ Não é o que você está pensando, eu machuquei meu dedo e...
_ Você tirou zero nesta prova, agora pode ir embora.

Matheus recolhe seu material e sai cabisbaixo. Ao passar pela última carteira um de seus colegas diz:
_ Psiu! Seu ziper está aberto.

A beleza que há detrás

Hoje vi uma menina
que me parecia familiar.
Talvez por me lembrar de alguma conhecida que não via há tempos,
talvez por me lembrar da beleza em si.

Sua roupa não tinha nada demais,
assim como seu cabelo.

Seus olhos, seu nariz, sua boca:
nada que pudesse chamar minha atenção.

Sua beleza era tão pura,
que apagava as outras pessoas, com todas as suas produções,
seus cabelos arrumados, suas roupas modernas.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Tentando no seco

Eu tento
Na tentativa de errar
acabo acertando

Eu como
E de tanto comer
acabo morrendo

Os dias, o tempo, a vida
Passam
e acabam

Tudo que quero em minha vida
é acertar
nem que seja uma única vez
um momento de gloria

no dia que eu perceber que acertar
na verdade
não tem a menor importância
será muito tarde.