quarta-feira, 20 de junho de 2007

Nossos costumes

_ Oi.
_ Tudo bem?
_ Tudo... Mais ou menos, como sempre.
_ Seu ziper está aberto.
_ É, eu sei.
_ Não vai fechar?
_ Não.
_ Não estou zoando, cara! Seu ziper está aberto!
_ Eu sei, você não tá zoando...
_ Não tô mesmo, olha aí!
_ Eu sei que você não tá zoando, eu estou andando com meu ziper aberto a manhã inteira.
_ Porra! Eu tô falando sério! Seu ziper está aberto!
_ Você já disse isso.
_ Porra, se quiser eu não te aviso mais então. Está ridiculo você com esse seu ziper aberto!
_ É, eu sou ridículo.
_ Para com essas irônias, porra!
_ Olha, a Carla está chegando. Ei Carla, olha só o Diego, ele tá com ziper aberto, não está?
_ Oi Matheus. Tá aberto sim.
_ Tá vendo cara? Você tá com o ziper aberto, a Carla confirmou, eu não tô te zoando. Fecha isso aí.
_ Eu já sabia disso.
_ Então por que você não quer fechar?
_ Porque não quero, oras. Qual o problema?
_ O problema é que fica rídiculo aí com esse negócio aberto, qualquer um pode ver sua cueca.
_ Meninos, parem com essa discussão boba, onde já se viu discutir por causa disso?
_ Você acha bonito ficar vendo essa cueca branca? Pede para ele fechar, Carla. Talvez você ele escute.
_ Eu não vou me meter nessa briga de vocês.
_ Cara, é uma convenção social, você está de ziper aberto, alguém repara, você fica sem graça por alguns instântes e depois fecha.
_ É, eu não gosto dessa convenção.
(1) O professor chega. Todos alunos entram em sala.
_ Boa tarde. Está aqui é a Orsolya Szabó, ela é da Hungria e chegou ontem para fazer intercâmbio. Estou a hospedando por seis meses, ela vai fazer algumas aulas aqui e eu a trouxe hoje para assistir está aula. Ela fala um pouco de português, vocês podem conversar depois da aula.
A menina se sentou logo em frente do jovem que discutia com Diego.
_ Psiu. Orosolia.
_ Orsolya.
_ Seu ziper está aberto.
_ Como se atreve?!
E deu um belo tapa no rosto do jovem.

O que vocês acharam desse final? Bom, eu apresento o final alternativo, troquem tudo a partir de (1) para o que eu apresento abaixo, para um final diferente. Depois comentem o que preferem e, se souberem, porquê.

O professor chega. Todos alunos entram em sala.
_ Boa tarde. Vocês têm 120 minutos para fazer a prova. Podem usar régua, calculadora e compasso.

Matheus está lutando para deixar seu compasso, regua e calculadora em cima da mesa. A mesa é muito pequena para tanto material e ficar colocando e tirando do chão toda hora começa a ficar desconfortável. Matheus olha para o lado e Diego está usando seu ziper aberto para prender a calculadora e a régua. Ele faz a prova com uma face serena, sem o menor problema em manejar o material.

Matheus continua brigando com sua regua e compasso, até que espeta um dos dedos e perde a paciência. Resolve imitar Diego. Abre o ziper e coloca a calculadora e a régua dentro. Como ele estava sangrando após ter se espetado com o compasso, ele resolveu cortar um pedaço de papel do caderno que estava na mochila e colocar no dedo.

Depois de fazer mais algumas questões, Matheus precisa usar a calculadora, tira ela de dentro do ziper e sua régua cai para dentro de suas calças. Ele então enfia a mão dentro do ziper para tentar alcançar a régua. O professor aparece e diz:
_ O que você está fazendo?
_ Nada, estou só tentando pegar minha régua que caiu aqui.
_ Sei, você estava colando, não estava?
_ Não, não! Juro!
_ Deixa eu ver sua mão.

Ele tira a mão das calças e a régua cai no chão, assim atraindo toda a atenção da turma que olhava sem entender ele tirando a mão de dentro do ziper. Ao tirar a mão, grudado em seu dedo tem uma folha de caderno. O professor olha a folha, olha para Matheus e tira a prova dele.

_ Não é o que você está pensando, eu machuquei meu dedo e...
_ Você tirou zero nesta prova, agora pode ir embora.

Matheus recolhe seu material e sai cabisbaixo. Ao passar pela última carteira um de seus colegas diz:
_ Psiu! Seu ziper está aberto.

Um comentário:

marcotmarcot disse...

Eu acho o primeiro final bem mais sutil.